Hoje, o secretário de Economia, Paulo Guedes, concluiu sua participação no Fórum Econômico Mundial dizendo que os Estados Unidos caminham para uma grave crise econômica. A China já está desacelerando e a Europa estará perto da recessão.
Para o ministro, porém, o Brasil continuará crescendo. A única coisa que muda no país diante das condições externas adversas é o ajuste cambial. “O Brasil está em desordem e eles (a maior economia) estão comemorando os frutos da globalização. Agora que o Brasil saiu do inferno, o pesadelo deles está apenas começando”, comentou Guedes.
O ministro argumentou que, no caso da China, maior parceiro comercial do Brasil, ela importa alimentos do Brasil “e tem que comer”.
O Brasil tem seus próprios motores de crescimento devido ao consumo de massa no mercado interno. Segundo ele, a taxa de formação do investimento doméstico responde por 14% do PIB e deve ultrapassar 20% este ano.
“Sabemos trabalhar em condições de guerra”, disse Guedes. “Amanhã, a única coisa que vai mudar com base nos ventos externos é a taxa de câmbio. Se a situação externa for muito difícil, a taxa de câmbio vai subir um pouco. A situação está frouxa e a taxa de câmbio vai cair.”
Ele deu um exemplo de quando a situação geral era favorável, o dólar caiu para 1,80 real ou 1,30 real. Quando as coisas pioraram, o dólar subiu para 4,80 reais ou 5,00 reais.
Ele disse que o Brasil administrou a política fiscal e aumentou as taxas de juros, de modo que agora está mais capaz de responder à situação global. Ele acha que o país poderia ter crescido mais no ano passado, mas acrescentou: “A Argentina cresceu 8% e a inflação está em 60%, e haverá problemas de sustentabilidade. Nós não”.
Guedes voltou a atacar o PT, dizendo que o partido prometeu o futuro do país por gerações. “Eles quebraram o Brasil sem guerra”, acusou.
capital especulativo
Cerca de US$ 90 bilhões em capital especulativo deixaram o Brasil em dois anos e meio, segundo o ministro da Economia. Para ele, esse “dinheiro inteligente”, no curto prazo, é algo que o Brasil realmente não quer, e não virá nem nas eleições.
Segundo ele, as moedas estrangeiras no mercado de ações são de natureza diferente. O ministro disse ter visto mais investimentos estrangeiros após 12 reuniões bilaterais com presidentes de grandes empresas.
Ele informou que a dinamarquesa Vestas, uma das maiores produtoras de energia eólica do mundo, quer produzir o equivalente a “dez itaipus” no Rio Grande do Norte. Ele também mencionou que a APM Terminals da Dinamarca tem interesse no porto de Santos.
O ministro salientou que haverá mais privatizações este ano, incluindo aeroportos e portos.
A inflação deve cair agora
Ainda em Davos, Paulo Guedes argumentou que a taxa de inflação do Brasil de 12,5% atingiu o pico, “é tarde demais” e que deve descer, “em breve descerá”. A economia do ministro da Inflação do Brasil deve cair mais rapidamente do que a do mundo desenvolvido e está entrando em um momento de crescimento em um momento em que outros países estão entrando em recessão.
Guedes avaliou que o Brasil foi um dos primeiros países a combater a inflação. Agora, ele quer baixar os preços dos combustíveis, mas observa que dos 11 países que o fizeram, apenas três têm mais cortes de impostos, com os socialistas fornecendo subsídios.
Democracia barulhenta, mas funcional
Paulo Guedes, ainda em sua análise, em Davos destacou o Brasil como uma democracia barulhenta, mas funcional, atribuindo o ruído às “divisões territoriais entre grandes potências”. As preocupações ambientais continuam a ser uma preocupação, mas a hostilidade ao país desapareceu.
Guedes disse que só foi questionado sobre democracia e eleições nacionais em um almoço em Davos oferecido por uma herdeira do jornal americano The Washington Post. Sua avaliação é que a capacidade de reforma do país e as dúvidas sobre a democracia brasileira e a hostilidade aberta à política ambiental desapareceram.
“A situação é completamente diferente de 2019 e 2020”, disse Guedes em entrevista antes de deixar Davos.
No almoço do Washington Post, Guedes disse que explicou que a mesma situação continua no país, onde a coalizão de centro-direita, o conservador Bolsonaro, fortaleceu sua aliança com os liberais.